Estaleiro Atlântico Sul fecha contrato de R$ 2, 2 bilhões para
construção de navios
O Fundo de Marinha Mercante concedeu prioridade de apoio
financeiro à South American Tanker Company Navegação S.A. (Satco) para a
aquisição de oito embarcações do tipo navio-tanque. O Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape (PE), tem memorando de
intenções com o armador para a construção dos navios, no valor total de mais de
R$ 2,2 bilhões.
O
secretário de Desenvolvimento Econômico do estado de Pernambuco e presidente de
Suape, Thiago Norões, esteve na sede da Satco, em Londres, há dois meses, para
tratar do projeto. “A maioria dos estaleiros brasileiros não sobreviveu ao
momento econômico pelo qual estamos passando, enquanto os nossos souberam
aprender com as dificuldades, aumentando seus níveis de competitividade e
reconquistando encomendas que haviam sido perdidas, além de novos clientes,
inclusive de fora do Brasil. O governo tem papel ativo no apoio a esse setor”,
diz ele.
Segundo ele, o EAS e o
Vard Promar, também localizado em Suape, têm carteiras de encomendas que
asseguram suas operações pelos próximos anos.
O
Fundo da Marinha Mercante também aprovou o valor de R$ 9,15 bilhões para o
financiamento de projetos de indústria naval, dos quais R$ 3,18 bilhões serão
destinados à construção de cinco navios-tanque do tipo suezmax pelo EAS.
A
Satco é uma EBN (Empresa Brasileira de Navegação), com investidores
internacionais, e tem ligação com a Eastern Pacific Shipping (EPS), com sede em
Cingapura.
Além
do EAS, o estaleiro Vard Promar começa a redesenhar seu perfil de atuação e
trabalha para obter encomendas no setor de reparos.
Com investimento bilionário, Ecopetrol quer entrar no mapa de
produção de petróleo brasileiro
A estatal colombiana Ecopetrol ampliou seu foco em exploração e
produção no último plano de negócios, divulgado em novembro deste ano, com a
previsão de investir US$ 3,5 bilhões em 2017, sendo US$ 2,2 bilhões apenas para
desenvolvimento da produção e US$ 650 milhões em projetos de exploração, mas
apenas cerca de 5% desses valores seriam voltados ao mercado internacional.
Ainda assim, o interesse da empresa pelo Brasil continua grande, segundo o
presidente da Ecopetrol no País, João Clark, que integra a série de entrevistas
com companhias de petróleo presentes
no mercado brasileiro.
O
executivo explica que a empresa quer ter uma atividade maior e um retorno mais
rápido no Brasil, com um portfólio mais amplo, além dos três blocos
exploratórios que já possui no território nacional – onde opera um bloco na
Bacia Potiguar e um bloco na Foz do Amazonas, além de ter participação em um
bloco na Bacia do Ceará. “Queremos colocar a Ecopetrol definitivamente no mapa
de produção de petróleo brasileiro. Mas nosso interesse é ter produção de
barris rentáveis. Para isso, preciso ter acesso a áreas e ofertas de bons
negócios”, diz, ressaltando que as medidas que vêm sendo tomadas pelo governo,
como o fim da obrigatoriedade de operação única no pré-sal, deixam os operadores
otimistas com o futuro no País.
Como
avalia o momento do setor de petróleo brasileiro e as mudanças que estão sendo
realizadas no País?
O
momento é muito positivo para todo o setor, não só para os operadores, mas para
companhias de serviço também. Essas mudanças são aquelas que a indústria sempre
veio solicitando. Foi uma luta de anos, em que a indústria se mobilizou, vem
tentando implementar essas mudanças e agora elas estão realmente acontecendo.
Algumas já aconteceram e outras o governo está apontando que vai fazer. Então o
governo está deixando os operadores mais otimistas em relação a um novo ciclo
virtuoso de atividades de exploração e produção no Brasil, que impacta toda a
cadeia produtiva do segmento.
De
um modo geral, independente da política de conteúdo local que se assuma, se não
houver investimento, não têm negócios, acarretando no congelamento de serviços
e uma queda dos serviços associados.
Se
há duas coisas que as companhias petrolíferas lidam e sabem lidar é a variação
dos preços do petróleo, a adaptação à realidade deles e a busca incessante de
áreas para continuar suas atividades.
Como
essas mudanças impactam o planejamento da Ecopetrol no Brasil?
A
Ecopetrol sempre foi impactada pelo entorno político, porque entrou no Brasil
exatamente – por uma coincidência ruim para nós – quando houve o fechamento das
rodadas, a mudança do marco regulatório, então sempre teve uma dificuldade
muito grande de construir um portfólio de acordo com o que queria.
A
nossa principal meta é melhorar o portfólio no País, ter um portfólio mais
valoroso do que o que temos hoje em dia. E vemos como a principal questão nesse
momento a capacidade de ter mais acesso a áreas de menor risco e maior
potencial.
Como
avalia o fim da obrigatoriedade de operação única no pré-sal?
Avalio
como a única chance que se tem para poder lançar novas áreas exploratórias. Já
está mais do que provado que o risco não é zero ali. Tem áreas onde não foi
comprovada a descoberta, e existem grandes áreas ainda disponíveis. A chance de
ter sucessivas rodadas para essas áreas só se alcança com a quebra dessa
obrigatoriedade. Porque a Petrobrás estava sem condições de poder assumir áreas
que não tivessem um risco tão baixo e que atendessem aos interesses da empresa.
Mas hoje você pode ofertar essas áreas a empresas que podem assumir esses
riscos e a Petrobrás pode optar se vai querer participar ou não.
Nesse
tempo todo, só teve um bid round no pré-sal, e sabemos que não foi competitivo,
porque só um consórcio participou e com a oferta mínima. Ou seja, em seis anos,
apenas uma rodada.
Quais
os maiores interesses da Ecopetrol no mercado de óleo e gás brasileiro
atualmente?
Ter
um portfólio balanceado, equilibrado. Para isso, é preciso que haja mais
ofertas de blocos. Queremos focar em áreas de menor risco. É importante
enfatizar que a Ecopetrol é uma companhia que conseguiu fazer um trabalho muito
forte de transformação, controle de custos e disciplina de capital. E só vai
investir em negócios que sejam rentáveis e com break even na realidade dos
preços atuais.
Mas
tem interesse em áreas específicas?
Estamos
trabalhando na formulação de uma estratégia para o Brasil e na definição de
áreas foco para atuarmos. Essa definição virá de um trabalho alinhado com a
estratégia corporativa de crescimento e em breve teremos a definição para o
Brasil e outros países.
Quanto a empresa teria
para investir no País?
Ainda
estamos trabalhando isso. Estamos desenvolvendo um plano de negócios e vendo
quanto que teríamos disponível, mas ainda não temos esse número. Mas o Brasil
segue sendo um país de interesse de crescimento para a Ecopetrol.
A
companhia tem interesse em participar dos leilões de novas áreas previstos para
2017?
Ainda
não tenho essa definição. Qualquer leilão, nós iremos olhar. Se vamos
participar, vai depender das regras e das áreas que serão ofertadas.
Como
avalia as mudanças no setor de gás natural? Há planos sendo fomentados
internamente na companhia em função deste processo?
Nós
estamos acompanhando essas mudanças de perto, queremos estar bem situados sobre
o que está acontecendo e sobre os movimentos das companhias nesse setor, mas
por enquanto não temos nenhum interesse a curto prazo neste sentido, porque
nosso portfólio hoje ainda é muito limitado no País para entrar em gás. Mas
estamos acompanhando de perto e observando as movimentações.
Quais
são os fatores mais atraentes do mercado de óleo e gás brasileiro e quais os
maiores desafios dele para a empresa?
O
maior atrativo, sem dúvida, é o grande potencial geológico do País. Todos os
especialistas do setor de petróleo e gás sabem que ainda tem muito petróleo a
ser explorado e descoberto no offshore brasileiro. Poucos países têm isso. Já
dentre os desafios estão a segurança jurídica e política de que as coisas vão
tomar o rumo que se espera; toda essa dificuldade que temos no Brasil para que
os processos se acelerem, que o desenvolvimento aconteça; os custos de serviços
num cenário de queda de preço; e o alto custo do petróleo em águas profundas,
além das dificuldades de licenciamento ambiental.
Como
vê a política de conteúdo local? Quais os erros e os acertos dela, a seu ver?
Essa
é uma discussão complexa. Volto sempre a afirmar que ninguém em sã consciência
vai ser contra uma política industrial que busque o desenvolvimento das
empresas nacionais. Só acho que se criou um modelo tão complicado, baseado em
penalizações – e que deu resultado num primeiro momento, mas que foi crescendo
e se complicando –, que virou um entrave para os investimentos. Se as empresas
não conseguem ser competitivas em termos de preço, prazo e qualidade, a
operadora tem que ter a opção de comprar esses produtos e serviços no exterior.
É preciso ter linhas básicas. O que está sendo proposto hoje acho bastante
razoável. Ter um conteúdo local global e incentivar que as companhias
fornecedoras nacionais possam vender também fora do País.
Se
a Ecopetrol considerar uma empresa brasileira competitiva internacionalmente,
vai comprar dela na Colômbia também. Se o conteúdo local fizer com que a
empresa aumente sua margem também em outros países, então estou incentivando o
conteúdo local. Se eu levar cinco árvores de natal produzidas no Brasil para a
Colômbia, eu deveria ter esse crédito de conteúdo local para usar no meu
projeto no Brasil.
Acho
que se você passar para um modelo mais de incentivo e menos de penalização já
melhora muito. Outra coisa é que não seja mais fator de oferta nas rodadas.
Isso foi uma distorção que atrapalhou muito e acabou gerando muitas multas.
Você não consegue imaginar como vai ser a realidade da indústria em seis ou
sete anos, quando começar a desenvolver seu descobrimento.
A
política de conteúdo local vai continuar, mas precisa ser menos punitiva e
permitir que as empresas desenvolvam seus projetos. A Ecopetrol não vai ter
dúvida em comprar de fornecedores brasileiros se forem competitivos, tiverem
qualidade e atenderem aos prazos. Nestas condições, qualquer empresa vai
comprar no Brasil.
Qual
o planejamento da empresa no Brasil para os próximos anos?
É
basicamente o crescimento do portfólio. Hoje temos três blocos exploratórios no
Brasil, que se tiverem sucesso só vão dar resultado mais para o final da década
de 2020, e isso é muito pouco para nós. Queremos ter uma atividade maior e um
retorno mais rápido. Queremos colocar a Ecopetrol definitivamente no mapa de
produção de petróleo brasileiro. Mas nosso interesse é ter produção de barris
rentáveis. Para isso, preciso ter acesso a áreas e ofertas de bons negócios.
Como fazer isso? Depende se realmente essas coisas vão acontecer. Ter rodadas
em sequência, oportunidades rentáveis de farm in e farm out etc.
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