Shell quer investir ainda mais no Brasil, afirma presidente
A anglo-holandesa Shell
vem ampliando fortemente sua presença no mercado brasileiro, onde já é sócia da
Petrobrás em projetos de grande relevância, como na área de Libra, no pré-sal
da Bacia de Santos, mas não pretende limitar seu crescimento no País aos ativos
atuais.
O
presidente da Shell no Brasil, André Araújo,
que marca a segunda entrevista da série com presidentes de companhias de
petróleo presentes no Brasil, conta que o planejamento da empresa prevê US$ 10
bilhões em novos investimentos no País ao longo dos próximos cinco anos, porém
isso não é um teto. “Nosso interesse no Brasil não se restringe às
nossas operações atuais. Temos apetite para mais. O Brasil tem uma geologia
muito atraente e oportunidades a serem exploradas”, diz, ressaltando
que as condições de mercado que influenciem a competitividade do País frente a
outras regiões na busca por novos investimentos terão um papel importante em
possíveis decisões de novos negócios.
Como
avalia o momento do setor de petróleo brasileiro e as mudanças que estão sendo
realizadas no País?
Temos
um longo histórico no Brasil, onde já estamos presentes há 103 anos. Tenho
visto alguns sinais importantes vindos do governo no nosso setor, como o fim do
operador único no pré-sal. Estamos confiantes nos fundamentos e na força
do segmento de óleo e gás no Brasil e, particularmente, nas nossas parcerias.
Aguardamos ansiosamente algumas definições importantes que darão conforto aos
investidores; entre elas adequação das exigências de conteúdo local à realidade
do mercado, extensão do Repetro e confirmação de que regras que impactem a
arrecadação de impostos, royalties e participações especiais não sejam
alteradas. Entendo que o Governo tem sido sensível à necessidade de atrair
novos investimentos e assegurar que o Brasil seja competitivo.
Como
essas mudanças impactam o planejamento da empresa no Brasil?
A Shell deve investir cerca de US$ 10 bilhões no Brasil ao longo
dos próximos cinco anos. Isso já está previsto considerando o portfólio que
temos no país. Termos e condições de mercado que influenciem a competitividade
do Brasil frente a outros países na busca por novos investimentos terão um
papel importante em possíveis decisões de novos negócios. Os investimentos
do setor de óleo e gás são, por natureza, de longo prazo, portanto precisamos
de previsibilidade e estabilidade nas regras – talvez os fatores mais
importantes para a nossa tomada de decisões de novos investimentos. Isso se
torna especialmente crítico se levarmos em conta um cenário de preços de
petróleo mais baixos que pode durar por mais tempo. O dispêndio efetivo desse
valor se dará projeto a projeto, quando tivermos a garantia que cada projeto é
competitivo para seguir em frente.
Como
avalia o fim da obrigatoriedade de operação única no pré-sal?
Primeiramente,
reconhecemos a qualidade da Petrobrás como operadora de alguns dos mais
importantes projetos da Shell em águas profundas, como Libra e os blocos que
pertenciam à BG. Respeitamos as escolhas do País, ao mesmo tempo em que sempre
fomos favoráveis a um ambiente de múltiplos operadores. Isso traz
possibilidades interessantes para a Shell e outras companhias do setor. Cria um
ambiente no qual mais empresas podem trazer mais inovação, empregos e
desenvolvimento para o País.
Quais
os maiores interesses da empresa no mercado de óleo e gás brasileiro
atualmente?
Queremos
seguir o trabalho que temos feito com a Petrobrás e demais parceiros em todos
os blocos nos quais temos participação, seja como operadores ou não, tanto no
pré quanto no pós-sal. Estaremos atentos às oportunidades de novos
negócios no setor, através dos próximos leilões previstos para o ano que
vem.
A
companhia tem interesse em participar dos leilões de novas áreas previstos para
2017?
Nosso interesse no Brasil não se restringe às nossas operações
atuais. Temos apetite para mais. O Brasil tem uma geologia muito atraente e
oportunidades a serem exploradas. O setor de águas profundas é uma prioridade
de crescimento para a Shell globalmente. Isto posto, vamos aguardar quais serão
as condições dos próximos leilões e avaliar criteriosamente as áreas em oferta.
Acho importante salientar aqui que a regularidade e previsibilidade dos leilões
são fatores fundamentais para operadores como a Shell.
Como
avalia as mudanças no setor de gás natural? Há novos planos sendo fomentados
internamente na companhia em função deste processo?
Estamos
acompanhando de perto as mudanças no setor. Temos discutido potenciais projetos
na área de gás natural, e acreditamos que o Brasil tenha potencial de
crescimento nesse segmento.
Quais
são os fatores mais atraentes do mercado de óleo e gás brasileiro e quais os
maiores desafios dele para a empresa?
O
Brasil é um dos três principais países em termos de importância para a Shell,
tanto em capital investido quanto em números de produção. Isso dá uma ideia da
atratividade do país. Nossa visão sobre ativos no Brasil foi fundamental na
tomada de decisão para a combinação com a BG, cujo portfólio no pré-sal da
Bacia de Santos nos traz perspectivas incríveis tanto em petróleo quanto em
gás. O principal desafio do nosso setor, eu diria, é criar novas oportunidades
que sejam sustentáveis – ambiental e financeiramente – a preços de petróleo
baixos como os de hoje. Especificamente para o Brasil, o desafio é garantir um
ambiente de regras claras, estáveis e com muita transparência, que assegure a
competitividade e atraia novos investimentos para o País.
Como
vê a política de conteúdo local? Quais os erros e os acertos dela, a seu ver?
A
Shell apoia o conteúdo local, ao mesmo tempo em que acredita que a política
atual precisa de ajustes. O conteúdo local deve ser visto como uma
plataforma de desenvolvimento da indústria brasileira e não como reserva de
mercado. Este tópico merece uma discussão técnica, sem paixões. A
política, em nossa visão, deve incentivar e não punir, de modo a tornar os
projetos no Brasil economicamente viáveis. Na minha visão, o objetivo não deve
ser proteger o mercado brasileiro para fornecedores locais, mas tornar esses
mesmos fornecedores competitivos em nível internacional. Temos todo o interesse
em ver fornecedores locais da Shell também nos fornecendo soluções em nossos
projetos no exterior.
Qual
o planejamento da empresa no Brasil para os próximos anos?
Pretendemos
investir US$ 10 bilhões nos próximos cinco anos nos projetos já existentes,
independente das novas oportunidades que, espero, possam surgir. Nosso objetivo
é entregar o que prometemos aos nossos acionistas. Se isso for atingido, e
tenho certeza que será, vamos contribuir com empregos, geração de riqueza e
aumento de royalties. A Shell tem um portfólio já bastante diversificado e de
capital intensivo no Brasil, mas vamos seguir olhando e avaliando novas
oportunidades de negócio por aqui. ( Por Daniel Fraiha – Petro Notícias ) –
Previsões da OPEP indicam forte demanda de petróleo para 2017
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) espera
que a demanda por petróleo em 2017 seja tão robusta quanto a deste ano, disse o
Secretário-Geral do grupo em uma conferência do setor de energia nesta
segunda-feira na Índia, embora o recente acordo para limitar a produção dentro
do grupo possa elevar o preço para os compradores.
Mohammed
Sanusi Barkindo disse em coletiva de imprensa que a Ásia deverá ter um papel
importante no crescimento da demanda e que há bastante espaço para a Opep e
países de fora do grupo crescerem no mercado global de petróleo.
—
Nós queremos que os níveis de estoque fiquem numa média dos últimos cinco anos,
não mais nem menos que isso — disse o executivo.
Na
semana passada, a Opep fechou seu primeiro acordo de corte de produção desde
2008, buscando reduzir a produção em 1,2 milhão de barris por dia (bpd) a
partir de janeiro, para enxugar o excedente global de oferta e impulsionar os
preços. A organização espera contar com cortes de outros 600 mil bpd de países
de fora do grupo.
Barkindo
disse que a Opep convidou países não membros para uma reunião em 10 de dezembro
para discutir suas contribuições. Foram convidados Rússia, Colômbia, Congo,
Egito, Cazaquistão, México, Omã, Trinidad e Tobago, Turcomenistão, Uzbequistão,
Bolívia, Azerbaidjão, Barein e Brunei.
Os
preços do petróleo operavam perto de uma máxima de 16 meses nesta
segunda-feira, na esteira da decisão da Opep. O barril da commodity tipo Brent
chegou a ultrapassa o patamar de US$ 55.
A alta tem preocupado
grandes importadores como a Índia, que compra no exterior mais de 80% do
petróleo bruto que consome.
O
Ministro de petróleo da Índia, Dharmendra Pradhan, disse no encontro que os
países produtores “precisam casar segurança de oferta com segurança de demanda”
ao decidirem seus preços.
PRODUÇÃO RECORDE DO CARTEL
A
produção de petróleo da Opep bateu novo recorde em novembro antes do acordo
para cortar a produção, mostrou uma pesquisa da Reuters nesta segunda-feira,
com um impulso das exportações iraquianas mais fortes e barris adicionais de
dois países que foram isentos dos cortes, Nigéria e Líbia.
A
mais recente alta na oferta significa que a Opep terá um trabalho maior em
cumprir o plano de limitar a oferta a partir de 2017, seu primeiro acordo de
redução de produção desde 2008.
A
oferta da Opep subiu para 34,19 milhões de barris por dia em novembro ante
33,82 milhões de bpd em outubro, segundo a pesquisa que se baseia em dados de
embarques e informações de fontes da indústria.
Segundo
a pesquisa de novembro, a Opep está bombeando 1,69 milhões de barris por dia
acima da meta de produção de 32,50 bpd estabelecida no acordo na última semana
para ser adotado a partir de janeiro de 2017.
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