Investigadores suspeitam que parte desses contratos se destinava a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no país
A sétima fase da Operação Lava Jato, iniciada em março deste ano, atingiu a cúpula das empreiteiras suspeitas de pagar propina em negócios com a Petrobras.
Elas têm contratos que somam R$ 59 bilhões com a estatal, considerando o período de 2003 a 2014. Investigadores suspeitam que parte desses contratos se destinava a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no país.
A sétima fase da Operação Lava Jato, iniciada em março deste ano, atingiu a cúpula das empreiteiras suspeitas de pagar propina em negócios com a Petrobras.
Elas têm contratos que somam R$ 59 bilhões com a estatal, considerando o período de 2003 a 2014. Investigadores suspeitam que parte desses contratos se destinava a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no país.
Nove empresas, que pertencem a sete grandes grupos de empreiteiras, tiveram mandados de busca e apreensão cumpridos em suas sedes: Camargo e Corrêa, OAS, Odebrechet, UTC, Queiroz Galvão, Engevix, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Iesa.
Foram emitidos mandados de prisões preventivas e temporárias contra 27 pessoas, dos quais 18 já foram cumpridos; e 9 de condução coercitiva – quando a pessoa é levada para prestar depoimento obrigatoriamente –, dos quais 6 já foram feitos.
Até as 12h de sexta, 14/11, haviam sido presos, entre outros, o presidente da OAS, Leo Pinheiro; o diretor-superintendente para a área de petróleo e gás da empreiteira, Agenor Mendeiros; o presidente da UTC/Constran, Ricardo Pessoa; e o vice da Engevix, Gerson Almada.
A PF também fez buscas na casa do presidente de Ricardo Pessoa, sócio do doleiro Alberto Youssef em um hotel e um empreendimento imobiliário.
O vice-presidente da Mendes Junior, Sérgio Cunha Mendes, não foi preso, como informado anteriormente pela PF. A polícia ainda não o encontrou e negocia sua entrega com os advogados do executivo.
O presidente da Engevix, Cristiano Kok, foi conduzido coercitivamente para depor na PF em São Paulo. Ele, no entanto, preferiu ficar em silêncio e foi liberado. A Justiça também decretou a prisão de um integrante do conselho de administração da Camargo Corrêa, João Auler, e do vice-presidente da empreiteira, Eduardo Leite.
Os dois executivos eram o contato de Youssef dentro da empresa, segundo depoimento à Justiça do próprio doleiro.
Um empresário de Santos (SP) foi preso pela Polícia Federal no Recife. A PF também foi ao apartamento de outro empresário no bairro de Boa Viagem, zona sul do Recife. A identidade dele também foi preservada. A intenção dos policiais era apreender computadores, discos rígidos e dinheiro, mas não apreenderam nada. Segundo a PF nada de "relevante" foi encontrado.
Todos os presos na operação nesta sexta-feira (14) serão levados para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba até o início da noite.
A Camargo Corrêa tem o maior contrato individual da refinaria Abreu e Lima, de R$ 3,4 bilhões, apontada pelos procuradores como uma das fontes do suborno. A empreiteira é acusada de repassar propina a servidores e políticos por meio de uma fornecedora de tubos da Petrobras, a Sanko Sider. Ambas as empresas negam irregularidades.
O Ministério Público Federal havia pedido a prisão de Márcio Faria, presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, e de Rogério Araújo, diretor da empresa. O pedido, porém, foi negado pelo juiz federal Sergio Moro.
O nome dos executivos da Odebrecht foi mencionado por Paulo Roberto Costa como seus contatos na empreiteira. A empresa nega veementemente ter cometido irregularidades em contratos com a Petrobras.
Foram bloqueados R$ 720 milhões dos executivos investigados, até o limite de R$ 20 milhões por pessoa. Não houve bloqueio das contas das empresas, para não prejudicar a saúde financeira delas.
Políticos
A Polícia Federal informou que nenhum político é alvo da ação de hoje. Mas um dos mandados de condução coercitiva expedidos foi para Marice Corrêa de Lima, parente do Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ela foi levada à PF para prestar esclarecimentos.
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado ao cargo pelo então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, foi preso no Rio. Ele é apontado por procuradores e policiais como o principal operador do PT nos desvios da Petrobras.
Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, a diretoria de Duque repassava 3% dos contratos que assinava para o PT. A diretoria de serviços cuidava dos projetos de engenharia e das licitações de obras que foram superfaturadas, segundo o Tribunal de Contas da União, como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Durante entrevista a jornalistas nesta sexta, a Polícia Federal informou que nenhuma informação passada por meio de delação premiada, seja de Youssef ou outro beneficiado pela medida, foi usada para as ações de hoje.
Lobista
O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na Petrobras, entrou na lista de procurados da Interpol e do sistema nacional de procurados e impedidos. A PF tinha um mandado de prisão, mas não conseguiu localizar o suspeito de envolvimento em desvios da estatal.
O advogado dele, Mario de Oliveira Filho, ainda não tinha a definição se seu cliente vai se entregar à Polícia Federal. "O que posso dizer é que Fernando mora no Rio de Janeiro. Não está fora do país, como disseram algumas notícias absurdas. Estou em contato direto com ele", disse.
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